Monday, May 14, 2007

Chacina em Darfur



Por entre as regiões de conflito do globo destacam-se as do continente africano, se bem que qualquer uma delas é ofuscada pela saga petrolífera do Médio Oriente. No entanto não muito longe do Iraque, na fronteira entre a África branca e a África negra, surge uma região no Sudão, delimitada com fronteiras imaginárias, onde acontecem prolifera um dos conflitos mais sangrentos da actualidade, o Darfur. O conflito já vitimou mais 300 mil pessoas e já originou a fuga de 2 milhões de sudaneses para locais mais seguros, como por exemplo o campo de refugiados do Chade, um dos países vizinhos. Os rebeldes do Exército de Libertação do Sudão (SLA) lutam com contra vários inimigos em prol do Lebensraum (espaço vital). Metralhadoras contra tanques e bombas, a minoria contra a maioria. Por entre lutas ficam feridos, destroços, ruínas, a dor e a sede de vingança. A ONU disponibiliza ajuda através do Programa Alimentar Mundial, auxiliando os refugiados sudaneses, mas isso não chega, pois os conflitos continuam a deflagrar por toda a região do Darfur. É necessário intervenção de tropas ou acordos de paz que visem o interesse de ambos os lados. Em 2005, após António Guterres ter sido nomeado alto-comissário da ONU para os Refugiados, esperava-se um acordo de paz com o Sul e uma melhoria da situação, mas tudo continuou na mesma. A complexidade do conflito de Darfur deve-se ao facto de o Sudão ter fronteiras com muitos países – Egipto, Líbia, Quénia, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Uganda, Eritreia, Etiópia e Chade – o que faz com que haja interesses muito diversos e influências vindas de pontos muito distintos. Contudo, algo similar se passou com o Vietname e acabou por se resolver após a divulgação de imagens e a pressão da opinião pública americana sob a presidência. Demasiados ocupados em devastar o Médio Oriente e em lutar por causas imaginárias (a não ser a do petróleo que é bem real), países como os EUA que detêm uma influência enorme sobre a ONU, esquecem-se que existe um país no meio do continente africano, que por sinal é o maior do continente, que a cada dia que passa se dirige mais um passo para o precipício, deixando para trás um rasto de devastação e um cheiro a morte. Um conflito que passa de geração em geração através do ódio, da dor e da solidão e que parece não ter fim. Além de que em Darfur não haver poços de petróleo, não constam imagens de conflitos, imagens sangrentas como as que provieram do Vietname, mas um dia elas vão chegar e mais cedo ou mais tarde vai chegar ajuda internacional a Darfur. Esperemos é que não seja tarde de mais…

Um por todos e…hum…como é que é o resto?

Dartacan

1 comment:

José Pedro Pinto said...

Já é tarde demais, Dartacan... Os poderosos deste mundo continuam de cu alapado na cadeira do poder, com as notas de dólar a sair pelas gavetas, e ainda nenhuma arma foi comprada para dar um tiro nos opressores dos habitantes do Darfur.

Agora já é tarde demais: mulheres violadas e crianças mortas barbaramente pela força destruidora dos homens insensíveis. Ah, estes homens não são os guerrilheiros; são mesmo os políticos mundiais...